A linha Infinity, base da criação da marca Green Nation Collection – Moda Sustentável, é feita com resíduos das confecções que já estão coloridos, é uma das grandes novidades da indústria têxtil que trouxe impacto para o mercado de moda. O processo dispensa o tingimento, gerando uma economia de 18 litros de água para cada quilo de malha. E mais: ao pular esta etapa, reduz a queima do cavaco — a madeira picada que se usa para abastecer a caldeira, que gera o calor necessário para o processo industrial do tingimento tradicional.
Com 25 anos e unidades em Jaraguá do Sul e Presidente Getúlio, ambas em Santa Catarina, a Dalila Têxtil pesquisa por materiais sustentáveis desde o início de sua história. “As primeiras amostras surgiram ainda na década de 90, com o poliéster PET. Depois vieram novas tentativas, com produtos químicos ecológicos, algodão orgânico e a linha Infinity — fibra de algodão reciclada. Em se tratando dos processos industriais, muitas das rotinas de produção já nasceram no conceito sustentável. Sempre procuramos ser pioneiros nesta questão”, afirma o diretor Andre Klein.
Na última década, a Dalila Têxtil realizou investimentos constantes no ciclo de busca pela economia sustentável e encontrou tecnologias que preservam e reaproveitam energia elétrica, água, vapor e diminuem o passivo ambiental. “Este tipo de inovação não era valorizada na indústria, mas sempre procuramos trazer o ‘futuro’ para o nosso ‘presente’, por entender que este é um caminho sem volta, e temos que fazer a nossa parte”, afirma Klein.
“No início parecia impossível, pois a tecnologia disponível não viabilizava a produção de fios finos para a linha de roupas. Mas com muito esforço, insistência e engenharia, conseguimos encontrar parceiros que se dedicaram a desenvolver a ‘fibra’ feita com os retalhos das confecções nas características viáveis para a produção do fio, que veio a se transformar nas malhas que oferecemos em nossa linha Infinity”.
O diretor revela que o tecido teve uma aceitação rápida, mas não exatamente pelo conceito upcycle ou pelo apelo sustentável, mas pela característica visual única, com seu efeito mescla e colorido. “O produto vem dando certo porque conseguimos atingir todos os públicos; os que estão preocupados com impacto ambiental e os que estão pensando apenas em adquirir uma malha que possa embelezar a sua coleção”, destaca Klein.
Desde o início, o projeto das malhas Infinity ocupa de 5 a 10% da produção, mas ainda há desafios para o crescimento da linha como, por exemplo, disponibilidade tecnológica para fios mais nobres. “Já existem equipamentos que podem trazer esta melhora na qualidade e diversidade do produto, no entanto são linhas de produção caríssimas, ainda inviáveis para se investir dentro da instabilidade econômica brasileira”.
Para diminuir o impacto ambiental da indústria, ao mesmo tempo que estas alternativas também possam trazer ganhos econômicos, a Dalila Têxtil adotou algumas práticas:
– Volume de água quente reutilizado no processo de tingimento: reutilizamos 50% de água quente do volume total de água utilizada nos processos de tingimento, em torno de 23 litros por quilo de malha, evitando que esta água seja desperdiçada e enviada para o tratamento de efluentes de forma desnecessária.
– Tratamento prévio dos efluentes com Ozônio: melhora significativa da qualidade da água para devolução à natureza, e redução de 50% de geração de lodo, que é um grande passivo ambiental, e é destinado para aterros sanitários.
– Secador de Lodo: com o processo de secagem, se obtém uma redução média de 60% do volume de lodo gerado após o tratamento dos efluentes.
– Secador de Cavaco: o cavaco é a madeira picada que se usa para abastecer a caldeira, que gera o calor necessário para o processo industrial. Implementamos um processo que tira a umidade residual do cavaco antes de entrar na caldeira, aumentando seu poder calorífico. Sendo ainda que a caloria utilizada para secagem do cavaco provém do reaproveitamento do calor da chaminé da fábrica. Estima-se uma redução do volume consumido de cavaco em 10%, que representa 550 m3 a 600 m3 de madeira por mês. E com a redução do combustível queimado, considera-se ainda a redução da emissão de monóxido e dióxido de carbono.
Para Klein, ainda que não haja no mercado brasileiro um apelo de consumo ligado à sustentabilidade, a Dalila Têxtil se mantêm firme no seu propósito e, por isso, se uniu à Cocamar e ao Green Nation Collection – Moda Sustentável. “São instituições com um desejo de fazer a diferença. Se conectarmos as nossas competências, teremos um efeito explosivo: a Cocamar disposta a fabricar os fios, a Dalila com sua linha de malhas sustentáveis e sua tecnologia para fabricação das malhas Infinity, e a Green Nation Collection – Moda Sustentável com sua imensa capacidade de movimentar as pessoas em torno desta causa. Juntos seremos muito fortes”, conclui.