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USP pesquisa corantes naturais para a indústria têxtil

É sabido que o tingimento com os corantes sintéticos são um dos vilões na cadeia produtiva da indústria têxtil. Como exemplo podemos citar os corantes do tipo AZO, já proibidos em países com leis ambientais e de saúde pública mais avançadas como a Comunidade Européia e USA. Eles são perigosos para o meio ambiente, para os trabalhadores na indústria e para os consumidores.

Para criar alternativas e contribuir para uma indústria têxtil mais amigável, uma pesquisa da Universidade de São Paulo – USP utilizou espécies naturais tingir tecidos como sarja, algodão, meia-malha (composto com 98% de algodão e 2% elastano). Os corantes naturais são obtidos a partir de recursos renováveis, a grande maioria de origem vegetal e todos são biodegradáveis. O objetivo dos testes e estudos é criar uma forma eficiente para aplicação de cores em larga escala nos artigos de vestiários de moda unindo a indústria têxtil à sustentabilidade.

O estudo analisou o potencialidade dos corantes diante da lavagem. Essa análise contou com alguns fatores como temperatura, alcalinidade, alvejamento e ação abrasiva.

Após esse processo, foi criada uma cartela de cores como resultado das colorações, uma coleção e quatro artigos de roupa com os tecidos tingidos.
A pesquisa conduzida na Escola de Artes, Ciências e Humanidades (EACH) por Janice Accioli Ramos Rodrigues. “Pode-se dizer que se chegou ao objetivo proposto, pois foram obtidos corantes aptos a serem usados na industria têxtil, com boa solidez as lavagens e a luz, além de terem sido produzidas peças de roupa em tamanho normal para a aplicação dos mesmos”, relata a pesquisadora.

As espécies usadas foram: aça, andiroba, jenipapo, mamorana, urucum e cipó- verônica. De acordo com Janice, a concretização do uso dos corantes naturais pode agregar projetos com base na economia solidária na Ilha do Combú, local de onde advém os materiais estudados e que pode reverter em benefícios para a comunidade local. A colaboração pode ser iniciada pelo manejo dos elementos vegetais com a capacitação da população local para trabalhar em algumas das etapas da produção dos corantes garantindo que a área também seja preservada. A maior parte da população local tem baixa renda e a produção de corantes pode reverter essa situação e agregar maior valor aos produtos.

“Certamente, através de um estudo mais detalhado, o que ocuparia um trabalho inteiro, seria possível trazer as bases certas para este empreendimento e, assim, além de estar cuidando da localidade com melhorias advindas deste trabalho e respeitando a natureza pelo uso adequado das matérias-primas, seria mais uma contribuição para a atmosfera da moda sustentável”, conclui Janice.

No Brasil muitas plantas tintoriais são de uso cotidiano das comunidades indígenas. Estes povos tradicionais detém esta sabedoria milenar. E somente agora entendemos que produzir com base na natureza e na preservação é o melhor caminho para todos.

 

Algumas marcas de moda usam pigmentação natural no tingimento, como a franco-brasileira Vert. No entanto, é ainda um processo realizado de forma manual. O tom índigo blue é feito partir da fermentação das folhas de várias espécies de anileiras, uma flor nativa da Mata Atlântica e do Cerrado brasileiro. Os corantes são produzidos por comunidades que vivem em áreas de reservas naturais na região do Sul de Minas Gerais, no entorno do Parque de Itatiaia, na Serra da Mantiqueira.